Os estados da Região Nordeste vêm sendo conectados ao Centro-Oeste — especialmente Mato Grosso — por operações multimodais que envolvem a movimentação de cargas por trens, navios e caminhões. Contêineres carregados com produtos como sal, agroquímicos, vidros, baterias para veículos e outros saem de indústrias no Nordeste e chegam até o terminal de Rondonópolis (MT) após percorrerem trechos curtos pela rodovia, longas distâncias em navios e trajetos médios pela ferrovia, aproveitando da melhor forma a vocação de cada modal.
A movimentação de cargas pela Brado com essa combinação triplicou entre 2021 e 2022, saltando de 180 para 740 contêineres transportados. O resultado demonstra a competitividade da solução do ponto de vista logístico.
“A geografia e a distribuição da população no Brasil favorecem a combinação desses modais. Os navios percorrem o litoral, que tem maior concentração de indústrias, enquanto os trens e caminhões distribuem a carga para o interior”, diz Pedro Takahashi, especialista de Inteligência de Mercado da empresa. “Além de mais econômicas, a ferrovia e a cabotagem são formas mais eficientes, seguras e sustentáveis de movimentar grandes volumes”, completa.
Cabotagem – A navegação entre os portos brasileiros está crescendo em ritmo acelerado. Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) mostram um aumento de 150% de 2012 a 2022, pulando de 7,1 para 18,1 milhões de toneladas transportadas nos mais de 8 mil quilômetros da costa brasileira. Nesse período foram adquiridas 20 embarcações, com um investimento de R$ 3,5 bilhões, conforme a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem.
A operação multimodal – Em geral, essa operação multimodal começa na área portuária, de onde o caminhão sai com o contêiner vazio e vai até a planta do cliente, seja produtor ou indústria. O produto é então carregado e o caminhão volta ao porto para a transferência do contêiner ao navio. Em outros casos, a carga é levada da planta do cliente em caminhões comuns e o cross docking — transferência da carga para o contêiner – é feito na região portuária.
As cargas produzidas nas principais regiões industrializados do Nordeste normalmente são transportadas em contêineres de 40 pés e saem principalmente dos portos de Pecém (CE), Suape (PE) e Salvador (BA). Os navios percorrem a costa brasileira até o Porto de Santos (SP).
De Santos, novamente em caminhões, os contêineres seguem até Cubatão (SP), onde são transferidos para o trem. Percorrem 1.544 quilômetros pela ferrovia e chegam ao terminal da Brado em Rondonópolis (MT). Na última etapa, as cargas são distribuídas por caminhões para as cidades da Região Centro-Oeste.
Logística reversa – No caminho inverso, a operação leva insumos de Mato Grosso para o Nordeste, realimentando o processo de industrialização. “Esse aproveitamento da rota oposta otimiza os ativos e torna a solução mais eficiente”, afirma o gerente comercial Thiago Estevam. Conforme o gerente, a intenção da empresa é ampliar a gama de produtos e atender outros mercados. “Um exemplo é a pluma de algodão, que pode sair das algodoeiras de Mato Grosso para abastecer os estados da Região Nordeste”, afirma Estevam. “Além de mais competitiva, essa operação garante a regularidade da entrega, considerando a constância dos transportes marítimo e ferroviário.”
Fonte: Com informações do site guiamaritimo.com.br, matéria publicada em 28 de abril de 2023.