“Ainda Estou Aqui” e o Caminho do Oscar: A Infraestrutura por Trás do Cinema Brasileiro

O cinema é uma arte coletiva, mas também um desafio logístico. A vitória de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, como Melhor Filme Internacional no Oscar 2025, não é apenas um triunfo artístico, mas também um feito de planejamento, infraestrutura e execução. Por trás da história emocionante de Eunice Paiva, há um complexo sistema que permitiu que a produção brasileira chegasse ao palco do Dolby Theatre, em Los Angeles.

O Papel da Infraestrutura na Produção Cinematográfica

A realização de um filme exige uma cadeia de suprimentos eficiente e uma estrutura robusta que envolve desde locações até o transporte de equipamentos e equipe. No caso de Ainda Estou Aqui, a produção enfrentou desafios que vão desde a captação de recursos até a movimentação de atores e técnicos entre diferentes sets de filmagem. O Brasil, com sua vasta extensão territorial e infraestrutura ainda desigual, apresenta dificuldades logísticas que podem impactar diretamente os custos e prazos de uma produção cinematográfica.

O avanço da indústria audiovisual no país nos últimos anos, no entanto, tem sido acompanhado por melhorias na infraestrutura, como o investimento em estúdios e polos cinematográficos. O Polo de Cinema e Vídeo de Paulínia (SP) e o Polo de Cinema do Rio de Janeiro são exemplos de centros que oferecem suporte para grandes produções, reduzindo a necessidade de deslocamentos longos e facilitando a logística de filmagem.

Da Filmagem à Premiação: A Logística de um Oscar

Para que um filme brasileiro conquiste uma estatueta do Oscar, o caminho é longo e exige uma estratégia bem definida. Além da produção em si, há um trabalho intenso de distribuição e marketing internacional. A campanha de um longa-metragem candidato ao Oscar inclui desde a exibição em festivais estratégicos até a organização de sessões especiais para membros da Academia, muitas vezes exigindo deslocamentos de equipe e cópias do filme em diversos formatos.

Outro ponto crucial é a infraestrutura de exibição e distribuição. Plataformas de streaming têm ajudado a superar algumas barreiras logísticas, levando filmes brasileiros a públicos internacionais sem a necessidade de uma complexa rede de cinemas físicos. Isso contribui para que produções como Ainda Estou Aqui alcancem uma audiência global, tornando-se fortes concorrentes em premiações internacionais.

Brasil e o Oscar: Uma História de Superação

A vitória de Ainda Estou Aqui marca a primeira vez que um filme genuinamente brasileiro leva o Oscar de Melhor Filme Internacional. Em 1960, Orfeu Negro venceu, mas o prêmio foi creditado à França. Esse reconhecimento tardio reflete não apenas a evolução do cinema nacional, mas também os avanços na infraestrutura e no planejamento da indústria audiovisual brasileira.

O sucesso do longa de Walter Salles é um testemunho de que o cinema não se faz apenas de roteiros e atuações marcantes, mas também de um esforço logístico e estrutural bem orquestrado. A conquista de um Oscar por uma produção brasileira não é apenas um feito cultural, mas também um sinal de que o Brasil está construindo uma indústria cinematográfica cada vez mais preparada para o cenário global.

Fonte: ASCOM Farol Log.