Brasília – A confirmação de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira trouxe mais do que um nome consagrado para o futebol nacional — trouxe um recado direto e poderoso: competência importa. No universo esportivo, contratar os melhores profissionais do mundo, mesmo que estrangeiros, é visto como sinal de ambição, profissionalismo e foco em resultados. Mas por que esse mesmo critério não é adotado com naturalidade nas estruturas públicas e até em setores estratégicos das empresas estatais?
No campo da consultoria corporativa e da governança institucional, a reflexão é inevitável. Em um país com talentos reconhecidos globalmente nas áreas de economia, saúde, educação e inovação, ainda é comum observar indicações baseadas em alinhamentos políticos, em vez de méritos técnicos. Uma lógica que compromete entregas, sufoca a inovação e mina a confiança da sociedade.
Quando o currículo fala mais alto que o sobrenome
No setor privado, sobretudo no universo das consultorias estratégicas, a regra é clara: quem entrega, permanece. Quem performa, cresce. Essa lógica é sustentada por métricas, indicadores e, acima de tudo, pela confiança em profissionais que sabem o que fazem. Não importa a origem, o sotaque, ou o vínculo com a diretoria — importa o resultado.
Essa cultura de excelência, que ganha força em empresas de alto desempenho e na nova geração de lideranças organizacionais, ainda encontra barreiras na administração pública, onde os critérios para compor equipes técnicas muitas vezes negligenciam a bagagem e a aptidão de quem realmente poderia fazer a diferença.
Competência: o ativo mais estratégico do século XXI
Se a Seleção pode buscar fora do país o melhor técnico do mundo, por que não fazer o mesmo com cargos técnicos estratégicos em áreas como planejamento, educação, saúde pública ou infraestrutura? Países como Canadá, Alemanha e Singapura já adotam esse modelo de “headhunting público”, onde a prioridade é recrutar os melhores — de dentro ou de fora do sistema — com transparência, metas claras e acompanhamento de performance.
No Brasil, iniciativas isoladas no setor público e parcerias com consultorias independentes mostram que é possível profissionalizar a gestão sem abrir mão da ética, da transparência e da governança. Mas ainda falta escala. Falta coragem. E, principalmente, falta uma cultura de valorização do conhecimento técnico como pilar central da construção de políticas públicas efetivas.
Lições para governos e empresas
A chegada de Ancelotti simboliza mais que uma estratégia para vencer campeonatos — representa uma visão de futuro onde não há espaço para o amadorismo nas decisões críticas. Essa mentalidade deve ecoar também nas esferas administrativas do país, nas salas de conselho, nas empresas públicas e privadas que desejam sobreviver num mundo cada vez mais complexo, veloz e exigente.
Competência, quando bem posicionada, transforma. E quando institucionalizada, salva. Que o exemplo do futebol inspire também a gestão pública e as práticas corporativas do Brasil.
Fonte: Assessoria de Comunicação Farol Log.